Existem poemas que passamos a vida inteira, vez em quando, nos deparando com ele e voltamos a lê-lo. Em cada leitura, dependendo do estado que estamos vivenciando ou o grau de maturidade, ele se expressa e nos parece com uma faceta diferente.
O poema a seguir sempre fez parte do rol dos poemas que estiveram vez ou outra no raio das minhas leituras, tanto por sua profundidade, quanto por ser de autoria de Mário Quintana, um dos poetas que mais gosto. Porém, diante das experiências que por último tenho tido na vida, este poema/livro nunca fez tanto sentido.
O Tempo
A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são seis horas!
Quando se vê, já é sexta-feira!
Quando se vê, já é natal...
Quando se vê, já terminou o ano...
Quando se vê, perdemos o amor da nossa vida.
Quando se vê passaram 50 anos!
Agora é tarde demais para ser reprovado...
Se me fosse dado um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio.
Seguiria sempre em frente e iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas...
Seguraria o amor que está a minha frente e diria que o amo.
E tem mais: não deixe de fazer algo que gosta devido a falta de tempo.
Não deixe de ter pessoas ao seu lado por puro medo de ser feliz.
A única falta que terá será a desse tempo que, infelizmente, nunca mais voltará.
Mário Quintana