Foto: Mauro Angeli |
brota o sol, grão, pra se afirmar rei
Seu poder?! Fogo causticante é sua lei.
Sua ira traz morte, nisso bem se esbanja
A inclemência nata de sua tez, natura
É também vital pra uma vida plena
na sua dança de tempo, muda e serena
pra logo encher, rios, lavouras, fartura
Astro íntimo, gente morena do sol
cumpre a sina neste ritmo incessante
levantando antes da aurora radiante
abençoa. soa, entoa o canto do rouxinol.
Então este astro tão contraditório
que tanto brota a vida, como a tira.
Por vezes inflama uma cheia que retira
este povo sofrido, prece no oratório.
Por vezes seu bailar seca toda a vida
Espanta a chuva, pára o vento, abafa a dor.
Na triste solidão esperam algum horror
se aproxima a hora da ideia da partida.
Na trouxa as poucas roupas que tem
no bornal provisão pra enganar a fome
seca, solidão, trabalho é seu nome.
Chega em fim e explorado se mantém.
Êita! Nordeste, quantos filhos perdeu
terra seca, sede que consome e mata
os bichos que vivem soltos pela mata
sucumbem, à morte, o tempo cedeu.
Até que, em um desses anos qualquer
a chuvarada cai pra dar-nos o gosto
há fartura, tem comida, sem desgosto
Fogão de barro, arrebol, o sino e a fé.
Não tem valor de dinheiro o cheiro
desta terra batida molhada,
O cheiro da mata encantada
produzindo o sibilar do terreiro
O som das aves, bichos do chiqueiro
o som do vento que assanha carnaúba
terra molhada, sons da lagoa me saúda
Memórias de pivete, brinca no terreiro.
Hoje o conversar já não faz sentido
só se for por mensagens recebido
o assunto pode até ser respondido
ligeiro, digital, sem ser comprido.
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🐆 Rio das Onças 🐆
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