Essa característica que surgiu pela necessidade da comunidade se unir e trabalharem juntos, através dos mutirões para construírem casas e consertar estradas, nos serões, na defesa da comunidade, na sobrevivência às secas e as enchentes.
Era quando a comunidade se envolvia especificamente em auxiliar outro membro da comunidade a debulhar suas bajas de feijão e espigas de milho, nas colheitas, descascar o arroz, no corte da cana-de-açúcar, passar noite e boa parte da madrugada nas torras das farinhadas etc.
A necessidade de retorno à essas origens parecem apontar o caminho que a humanidade precisa fazer para conseguir, ou pelo menos tentar, fazer um retorno civilizacional na direção oposta a que hoje se apresenta. Mudanças climáticas, fenômenos naturais atípicos, inundações, secas e a busca incessante e devastadora dos recursos naturais.
Esse modelo de "desenvolvimento" nada mais é do que a exploração de utensílios, máquinas e objetos que seriam perfeitamente dispensáveis para uma sociedade saudável viver com tranquilidade e harmonia. O consumismo cria objetos fúteis apenas pelos fins comerciais. O lucro.
Para mim pessoalmente é uma questão de continuar vivo, continuar tendo sonhos e planos. Afinal, esses são os propulsores do que chamamos vontade de viver. O cansaço com a mesquinhez de alguns seres humanos, a falta de caráter, a miudeza de espírito de pessoas que vivem a vida inteira apenas na superfície, na planície do conhecimento humano, ou pele menos, que consideramos dignos de serem chamados pelos títulos que possuem.
Sinto em muitos momentos, como aqueles meus ancestrais que falei, estou à beira do fim e sem mais nenhuma perspectiva sobre o futuro. Andava assim quando voltei a assistir alguns vídeos de pessoas que saíram de seus trabalhos para se dedicarem a alguma atividade rural, no entanto, não se aplica a mim por vários motivos, mas principalmente pelo trabalho.
Posso
perfeitamente conviver no trabalho e desenvolver um trabalho no campo que seja
paralelo, estou (pensando alto agora) disposto a diminuir minha carga horária e
ganhar menos para alcançar esse objetivo. Quanto vale uma vida saudável e
pacífica?
Por ter passado a
vida inteira morando no sertão pensava em ir para um lugar completamente
diferente, como no caso de uma serra. Pois meu pai e seus familiares são todos
originariamente serranos da Meruoca e da serra do Rosário, mas existem outras
questões como a distância do lugar para a capital do estado, onde mora a minha
filha.
Pensei em seguida
no Maciço do Baturité, pela proximidade com a capital ou para as bandas da
família da minha mãe, assim como ela mesma, é de uma cidade do litoral leste do
Ceará, porém fica na mesma região onde estou hoje. Então os roteiros principais
são esses, em uma dessas eu gostaria de me estabelecer. Começar uma nova
jornada aos cinquenta nos de idade.
Uma característica
importante pra mim, além da pacificidade do local, também deve ser a questão
cultural e ambiental. Nesse ponto o lugar deve ter no mínimo, um povo disposto
a proteger suas memórias, as histórias e onde o poder público do município
tenha o mínimo de interesse necessário para desenvolver uma atividade
permanente que inclua a Cultura e o Meio Ambiente do município como uma de suas
prioridades (sonho).
Hoje já não sou
tão novo e saudável, minha maior preocupação é não ter mais o ânimo e a mesma
força para viver e realizar os planos como tinha antes. São dezenas de
detalhes, desde mudança de endereço e todo o inconveniente burocrático da atual
vida em sociedade. Uma mudança dessas também envolvem, no meu caso, a minha
mulher, que trabalha e tem seus planos pessoais também.
Não sei o que acontecerá,
mas não creio que a minha vontade de mudar não exista mais. Existe e cobra de
mim todos os dias, desde do amanhecer ao fim do dia. Não sei o que acontecerá, mas pretendo deixar as
pessoas que lerem essas palavras à par dos acontecimentos que estão porvir
nessa minha tentativa de uma nova experiência de vida.
Em frente.
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