A Lagoa da Caiçara

 

Lagoa da Caiçara, Russas CE

Izodi era como os antigos indígenas Tapuia chamavam a lagoa da Caiçara. Com a colonização dos portugueses e a influente presença da língua Geral a lagoa ficou sendo chamada de Caiçara. O significado de Izodi não é conhecido, já que os antigos moradores desses sertões tinham a necessidade de falar o tupi-guarani para a troca de mercadorias, alianças de guerra e agora para negociar com os portugueses.

Já o nome Caiçara significa uma estratégia de guerra utilizada pelos indígenas. Trata-se de grandes estacas de madeira fincadas no chão, escondidas nas descidas de barrancos entorno da lagoa. O inimigo era atraído para as armadilhas e no galope de seus cavalos caíam em cima das lanças ponteagudas.

A primeira observação sobre a posição estratégica da lagoa da Caiçara foi feita pelo capitão João da Mota e Pedro Lelou, afirmando que:

 “... Levantando um Forte Real, por nome São Francisco Xavier (1696), junto a Lagoa IZODI (Caiçara), para reprimir as hostilidades e entradas que o gentio costumava fazer, deixando o dito Forte acabado com todo o necessário, como muralhas e estacadas, guaritas, parapeitos e Quartéis, sem dispêndio algum da Fazenda Real...”[1]

 Com a chegada do Forte Real que tinha sua frente localizada aonde hoje estão algumas lojas na Avenida Dom Lino, próximo à Praça Monsenhor João Luiz, a lagoa Izodi passou a se chamar Caiçara. Ponto estratégico para conquistar estes territórios para a Coroa portuguesa. tinha na frente do Forte o riacho das Russas, e por trás a riqueza da lagoa da Caiçara, fonte d’água que podia resistir a até três anos de seca.

A lagoa da Caiçara brota de umas pedras que ficam do lado da BR 116 Rodovia Santos Dummont e percorre toda a cidade. Nos anos de bom inverno ela vai interligando várias lagoas, até se encontrar com o riacho Araibu na comunidade do Tourão. Em momentos de grande seca, como em 1790, 1816, 1877 e 1915, entre outros anos menos catastróficos, a lagoa da Caiçara foi um dos veios d’água que permitiu a existência do então arraial das Russas. Um grande reservatório natural em meio às riquezas e asperezas desse sertão jaguaribano.

Atualmente a lagoa da Caiçara está reduzida a uma pequena parte do que foi no passado. A cidade cresceu e engoliu suas margens e cortou seu curso, mesmo assim, em anos de muita chuva ela tenta se unir alagando alguns bairros da cidade de Russas. É necessário que o município esteja sempre imbuído na manutenção e preservação do eco-sistema que ainda resiste às ações degradantes do homem.

 

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Bibliografia

ROCHA, Limério Moreira da. Russas: 200 anos de emancipação política, Ed. Fortaleza Banco do Nordeste, 2001.

ROCHA, Limério Moreira da. Russas: sua Origem, sua Gente, sua História. Ed. Recife Gráfica, 1976.

ALCÂNTARA, Pedro de. Capital e Santuário: miragens russano-nordestinas. Ed. IOCE, Fortaleza: 1986.



[1] ROCHA, Limério Moreira da. “Russas: 200 anos de emancipação política”; Ed. Fortaleza Banco do Nordeste, Fortaleza: 2001. Pág. 27.


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