Cidade de Aracati-CE - Foto: Grupo Lua Cheia |
Será
possível começar uma nova vida aos cinquenta anos de idade? É essa a pergunta
que venho me fazendo nos últimos anos. Por que faço tal pergunta? Não é difícil
supor que para a grande maioria das pessoas no Brasil de uma forma geral
trabalhar no que gosta é uma opção para poucos. Na grande maioria dos casos
passa-se a ter afeição ou acomodar-se ao trabalho com o passar dos anos.
Tempo
que tem amarrado muitos grilhões, em nome da ganância de poucos homens, aos
pescoços da esmagadora maioria de outros seres humanos, não só do Brasil, mas
como em todo o planeta. Vi, desde pequeno, o arrependimento nos olhos e nas
palavras dos meus familiares na hora da reta final. Aquele sentimento de não
ter de fato vivido, de ter muitas coisas ainda à serem feitas e que agora já
não serão mais possíveis, de fato certo e consumado. A angústia e a dor
dilaceraram meus ancestrais.
Respondendo
à pergunta feita no início: não gostaria de passar por essas angústias. Mas
será possível, já que vivemos em um mundo onde os conceitos, os estereótipos,
as disputas de poder/riqueza, o individualismo são elementos fundantes das
sociedades contemporâneas? Minha tendência (como sonhador e otimista
profissional por necessidade) é acredita que sim!
Tendo
em vista que a super lotação, a vida exaustiva de “zumbismo” que domina as
grandes cidades. As tensões, as neuroses, a ansiedade/depressão, a poluição do
ar e as doenças em decorrência desse tipo de vida que se consome como o riscar
e apagar de um fósforo. Tendo suas recompensas em pequenas doses de lazer,
quando existe uma possibilidade para isso, esse ritmo de vida tem consumido
milhões e milhões de pessoas no planeta, assim como no nosso “braseiro”.
Fatores
relacionados com a pandemia de 2019 e que nos atingiu no início do ano de 2020,
foi marcado pela busca por alternativas para repensar a vida e desviar dos
problemas da vida cotidiana urbana do nosso tempo. Esse repensar levou ao início de um movimento
que vem paulatinamente crescendo no Brasil: a saída das grandes cidades em
busca de uma vida no campo.
A aproximação com a natureza, trajetos curtos para se transportar ao trabalho ou mesmo trabalhar em alguma atividade prática da vida rural ou em “home office” dentre tantas possibilidades.
Convido
vocês a verem alguns números sobre este assunto. Pois de acordo com pesquisa
divulgada pela TVBrasil, já no ano de 2021 mais de 1,5 milhões de brasileiros
queriam mudar da cidade para as zonas rurais se tivessem a oportunidade. É
preciso reconhecer que é um número bastante significativo de brasileiros que
moram nas chamadas grandes cidades com esse desejo.
End. Eletrônico: TVBrasil https://tvbrasil.ebc.com.br/reporter-brasil/2021/04/pesquisa-quase-15-milhao-de-familias-querem-migrar-para-campo
Quando
se dizia, ainda em 2020 acerca da pandemia de Covid-19, que a única coisa certa
era que: o mundo jamais voltaria a ser o mesmo depois da pandemia.
Pois é! E já está acontecendo um redirecionamento dos modos de vida,
especialmente entre nós, em busca de mais contato com os modos completamente
opostos. A busca por uma vida mais saudável diante do fracasso dos maléficos
industrializados, segurança, tranquilidade e paz para viver.
Apenas
essas questões e minhas questões de saúde, para mim pelo menos, têm movido o
desejo dessa mudança. E olha que eu moro numa cidade considerada pequena, mas
não foge à regra do desenvolvimentismo desgovernado, da falta de respeito ao
meio ambiente e a população municipal. Sociedade antiga e já bem sedimentada,
de difícil transformação sócio-cultural, ao meu ver, pelo menos nas próximas
cinco décadas... e já não tenho mais tanto tempo.
Aliás,
por falar em tempo de vida, sempre penso que o salário deveria ser baseado não
só na venda pura e simples da mão-de-obra, mas também pelo bem mais precioso
que temos: o tempo de vida humano. Então, em meus delírios de mundo melhor, o
valor do trabalho deveria ter incluído aos seus cálculos o tempo de vida, um
“produto” valioso e irreversível. É maluco pensar assim, mas não existe nada
mais importante para quem vive do que viver plenamente.
Mudar de vida depois de muitas lutas parece assustador, afinal, não se tem tanta saúde e disposição quanto antes. No entanto, essas deficiências podem ser amenizadas pela experiência e pela maturidade do pensamento. Não sei o que vai acontecer, mas vou compartilhar essa experiência aqui.
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