Polé: Ilustração do livro Russas: 200 anos |
Logo após a instalação do Forte de São Francisco Xavier em 1696, onde hoje está localizada a cidade de Russas, no Ceará, começaram as novas formações das primeiras estruturas religiosas para aldear os indígenas de várias famílias de etnias diferentes no Vale do Jaguaribe.
No
intuito de formar novos cristãos e usá-la como mão-de-obra semi-servil, usavam-se
os mais variados meios de tortura e desmoralização do indivíduo e das famílias
como punição pelas faltas cometidas segundo o ponto de vista cristão.
Como
podemos observar em Limério[1] a constatação da
existência de uma polé em Russas instalada em 1701, instrumento de tortura tão
terrível que só poderia ser erguido com a autorização do Rei ou do Papa, era
uma das paisagens encontradas bem ao lado do Forte.
“Muitos
guerreiros indígenas ou revoltosos preferiam o suicídio a ter que passar pelas horas
ou dias intermináveis dos sofrimentos provocados pela polé.” (Rocha,
2001)
Havia
o aldeamento denominado Aldeia Velha em Itaiçaba e o outro que foi instalado
nas proximidades da atual cidade de Morada Nova e chamava-se Aldeia de Nossa Senhora das Montanhas.
Todas sob o comando do Pe. João da Costa, acusado por seus contemporâneos de
fornecer mão de obra indígena para lavrar suas terras e as terras de parentes,
além de vender mão-de-obra aos fazendeiros.
Assim
como todos os proprietários de terras, o Pe. João da Costa combatia com fúria
os indígenas que ainda moravam em suas tribos, alegando que estes lhe roubavam
o gado e assassinavam cruelmente pessoas que se aventurassem em seus
territórios. Escreveu ao Bispado de Recife/Olinda, ao qual Russas fazia parte,
pedindo que enviasse tropas para combater de vez os últimos resistentes do
domínio português na região. Ele não foi o único, vários proprietários de gado
já faziam esta solicitação há anos.bb
Foram
atendidos em 1699, quando chegou a Ribeira do Jaguaribe a Bandeira Paulista com
quatrocentos homens bem armados e inúmeros guerreiros Janduins que acompanhavam
os portugueses. Comandados pelo
famigerado bandeirante paulista Capitão de Campo Antônio de Morais Navarro, que
se aquartelando no Forte de São Francisco Xavier, mandou convocar todos os
indígenas Tapuias Paiacu da região jaguaribana, com o argumento de que
receberiam um presente do Rei, e também levassem suas mulheres e filhos para verem
a honra que os indígenas iriam receber.
Tal
foi a armadilha traiçoeira, que todos os aldeados, assim como, uma parte dos indígenas
livres, rumaram para frente do Forte São Francisco Xavier. Eis que, ao se ter
enorme quantidade de pessoas na frente do Forte, o capitão Navarro mandou que
sua tropa atirasse sem piedade contra a multidão despercebida, dando ele mesmo
o sinal com o primeiro tiro no principal Jenipapoaçu. Aqueles que tentavam
fugir eram apanhados pelos Jandoins que estavam escondidos na retaguarda.
Quase
todos os homens morreram e as mulheres e crianças que sobraram desse genocídio
foram aprisionados e enviados para aldeamentos na Paraíba e Rio Grande do
Norte. Centenas de índios morreram na emboscada. Esse ato foi tão repugnante e
covarde que o Bispo de Pernambuco excomungou o Capitão Navarro. Tendo em vista
o ardil criminoso que utilizou para matar aquele enorme número de pessoas
inocentes.
O
Pe. João da Costa foi um dos denunciantes de Navarro, embora tenha pedido força
armada para combater os índios rebeldes, não contava que a estratégia de
Navarro fosse o extermínio definitivo dos indígenas da ribeira do Jaguaribe.
Não contava, sobretudo, que os índios de suas aldeias ou seus trabalhadores não
remunerados, fossem atentados e caíssem nesta armadilha.
Depois
que Russas recebeu a denominação de Paroquiato com suas Freguesias, erguendo
sua primeira igreja em 1707, a comunidade colonial russana já gozava de certo
aparelhamento burocrático de controle do Estado português, leia-se (rei/papa).
Embora ainda houvesse alguns ataques aos sítios da sede da Freguesia de Nossa
Senhora do Rosário das Russas que perdurariam até a segunda década do século XVIII.
O povoado germinava em oficinas, comércios e principalmente nas feiras que
ofereciam mercadorias de outras províncias. O núcleo urbano da atual cidade de
Russas começava a ganhar forma. Mas, sem dúvida Russas foi consolidada pela
força econômica da pecuária.
[1]
ROCHA, Limério Moreira; Russas 200 anos de Emancipação Política; Ed. Fortaleza
Banco do Nordeste, 2001; pág. 49.
Español
La
Matanza Indígena de las Tierras de Russas
Poco después de la instalación del Fuerte de São Francisco Xavier, en 1696, donde hoy se encuentra la ciudad de Russas, en Ceará, comenzaron a instalarse las principales estructuras religiosas para asentar a los indígenas de varias familias de diferentes etnias en el Valle de Jaguaribe.
Para
formar a los nuevos cristianos y utilizarlos como mano de obra semisierva se
recurría a los más variados medios de tortura y desmoralización de individuos y
familias como castigo por las faltas cometidas según el punto de vista
cristiano.
Como
podemos comprobar en Limério, la existencia de un polé en Russas, instalado en
1701, un instrumento de tortura tan terrible que sólo podía erigirse con la
autorización del Rey o del Papa, era una de las curiosidades que se encontraban
junto al Fuerte.
"Muchos
indígenas guerreros o rebeldes preferían el suicidio a tener que soportar las
interminables horas o días de sufrimiento provocados por la polea".
(Rocha, 2001)
Hubo
un asentamiento llamado Aldeia Velha en Itaiçaba y otro que se estableció cerca
de la actual ciudad de Morada Nova y se llamó Aldea del Nuestra Señora del la Montaña. Todas bajo el mando del padre João da Costa, acusado por sus
contemporáneos de suministrar mano de obra indígena para trabajar sus tierras y
las de sus parientes, así como de vender mano de obra a los campesinos.
Como
todos los terratenientes, el padre João da Costa luchó furiosamente contra los
indígenas que aún vivían en sus tribus, alegando que robaban su ganado y
asesinaban cruelmente a las personas que se aventuraban en sus territorios.
Escribió al obispado de Recife/Olinda, al que pertenecía Russas, pidiéndole que
enviara tropas para combatir de una vez por todas a los últimos reductos del
dominio portugués en la región. No fue el único; varios ganaderos llevaban años
haciendo esta petición.
Se
les concedió en 1699, cuando la Bandeira Paulista llegó a Ribeira do Jaguaribe
con cuatrocientos hombres bien armados e innumerables guerreros janduinos
acompañando a los portugueses. Comandada
por el tristemente célebre bandeirante paulista, el capitán de campo Antônio de
Morais Navarro, acuartelado en el fuerte de São Francisco Xavier, ordenó
convocar a todos los indígenas Tapuias Paiacu de la región del Jaguaribe, con la
excusa que recibirían un regalo del Rey, y también que llevaran a sus
esposas e hijos para mirar el honor que recibirían los indígenas.
Tan
traicionera fue la trampa que todos los aldeanos, así como algunos de los
indios libres, se dirigieron hacia el Fuerte São Francisco Xavier. Cuando hubo
una gran multitud frente al fuerte, el capitán Navarro ordenó a sus tropas
disparar sin piedad contra la multitud inadvertida, dando él mismo la señal con
el primer disparo contra el Jenipapoaçu principal. Los que intentaron huir
fueron alcanzados por los jandoins que se escondían en la retaguardia.
Casi
todos los hombres murieron y las mujeres y niños que quedaron de este genocidio
fueron encarcelados y enviados a pueblos de Paraíba y Rio Grande do Norte.
Cientos de indios murieron en la emboscada. Este acto fue tan repugnante y
cobarde que el obispo de Pernambuco excomulgó al capitán Navarro. En vista de la
artimaña criminal que utilizó para matar a ese enorme número de inocentes.
El
padre João da Costa fue uno de los denunciantes de Navarro. Aunque pedía la
fuerza armada para combatir a los indios rebeldes, no se daba cuenta de que la
estrategia de Navarro sería el exterminio definitivo de los indios del río
Jaguaribe. Sobre todo, no esperaba que los indios en sus aldeas o sus
jornaleros no remunerados fueran atacados y cayeran en esta trampa.
Después de que Russas fuera rebautizada como parroquia con su primera iglesia en 1707, la comunidad colonial de Russas ya contaba con un cierto aparato burocrático bajo el control del Estado portugués. Aunque todavía hubo algunos ataques a los lugares de la parroquia de Nossa Senhora do Rosário das Russas que duraron hasta la segunda década del siglo XVIII. En la ciudad surgieron talleres, tiendas y, sobre todo, ferias que ofrecían mercancías de otras provincias. El núcleo urbano de la actual ciudad de Russas empezaba a tomar forma. Pero, sin duda, Russas se consolidó gracias a la pujanza económica de la ganadería.
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