O abismo e o caos político/educacional



Foto: Sumaia Vilela / Agência Brasil

A humanidade, encantada com a própria beleza de ser criadora, passou a se distanciar dos outros seres e ambientes naturais para distinguir-se como sujeitos especiais. E, ao que chamamos hoje de civilização, e seu conceito, não tem correspondência de fato, tanto na realidade histórica, quanto na realidade dos tempos em que vivemos.

Difícil perceber as variáveis e as probabilidades de qual "humanidade" está em ebulição, principalmente, quando estamos vivenciando este momento, bem na fissura que está se abrindo diante dos nossos olhos, de uma ruptura histórica.

É possível notar essa nova etapa de transformações sociais através do trabalho de Stuart Hull, "A identidade cultural na pós-modernidade", trabalha com o conceito de deslocamento cultural para dividir as etapas de transformações nas identidades sociais a partir da ascensão do pensamento iluminista.

No caso do homem pós-moderno, percebemos já os traços e características de fragmentação da identidade social no interior das sociedades, corroborando com o conceito de Bauman, da fluidez das relações e dos pensamentos em uma modernidade líquida. Sobre as características do seu "homem pós-moderno":

[…] o sujeito assume identidades diferentes em diferentes momentos, identidades que não são unificadas ao redor de um “eu” coerente. Dentro de nós há identidades contraditórias, empurrando em diferentes direções, de tal modo que nossas identificações estão sendo continuamente deslocadas […]. A identidade plenamente unificada, completa, segura e coerente é uma fantasia. Ao invés disso, à medida que os sistemas de significação e representação cultural se multiplicam, somos confrontados por uma multiplicidade desconcertante e cambiante de identidades possíveis, com cada uma das quais poderíamos nos identificar – ao menos temporariamente." (HALL, Stuart)

Assim, cada vez mais, nossa sociedade passa por essas transformações e, o mais grave, é o fato de o Estado brasileiro, em toda a sua história, nunca ter investido em Educação para o povo brasileiro. Esse desleixo com a formação de cidadãos e cidadãs é uma mácula que só vem a ser rompida, e de maneira quase inexistente ou timidamente, a partir da Constituição de 1988 que traz a Educação e outros direitos como universais e públicos.

Mesmo sendo assegurado os direitos essenciais ao povo brasileiro, a degradação no nível de ensino-aprendizagem, com as mais variadas teorias fizeram a festa em governos liberais. A necessidade de um projeto de Estado ininterrupto, que considere como prioritários uma readaptação nas cargas-horárias entre as Ciências estudadas buscando uma maior equidade, além da qualidade dos conteúdos e do vocabulário dos alunos, que deveriam ser trabalhados em todas as disciplinas.

Estancar a repetição do erro histórico e pressionar essa curvatura anómala  até que ela volte à uma posição minimamente desejável para a formação universal é um trabalho de longo prazo. Serão décadas e décadas para se consolidar uma nova mentalidade educacional no Brasil.

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